quarta-feira, 11 de maio de 2011

Poema me faz

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Oh, não, não acho que posso criar um poema à hora que quiser

Mas eles sim, eles me criam a toda hora

Comendo

Cozinhando, fazendo a unha,

Dançando,

Lendo

Chorando

Amando,

Rindo

Fumando um

Dois ou três cigarrinhos

Poema me faz



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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Prelúdio:

Bebo cloro e cuspo fogo

Gosto de vidro moído

E ácido muriático

Já Provaste?

Sou má

Não tenho mais alma

Esta – se já esteve em mim –

Foi mergulhar na Baía de Guanabara

Está lá, boiando

Esperando ser resgatada

Do meio do lixo

E dos barcos pesqueiros

Se ainda existe peixe por lá

Minha alma está se alimentando deles

Sou má

Porque bebo o uísque da minha mãe

E estaciono em local proibido

Sem contar que coloco os pés no sofá

Cuspam em mim!

Por favor, me escarrem!

Sou má demais...

Só na sombra, sou foda

Não compro roupas novas pra mim

E gosto de dormir até tarde

Vaca que sou, viciada em Rivotril

Onde já se viu?

Acho que serei demitida da vida

Sou má feito o catiço!

Espinhosa

Agressiva

Explosiva

Filha de um Exu mestiço

Calado

Amoitado

Fugido da sorte

Com duas pedras na mão

Esperando sentado

A hora de dar o bote

...